O poder da jornada do colaborador


Quatro empresas afetaram demais a minha percepção de como gerir pessoas, entregar resultados de uma forma original e também em lidar com a tomada de decisão com pessoas diversas. São elas:
Zappos - por me trazer a importância de criar um DNA diferenciado e original com uma cultura corporativa única, construída com total participação e patrocínio do fundador.
Assim como resultado eles construíram o melhor time de atendimento ao cliente dos EUA , o que possibilitou a compra deles por quase US$ 1 bilhão pela Amazon.
Vagas.com - Um caso brasileiro de holocracia onde eles desenvolveram um ambiente e cultura sem chefes, no qual todo mundo é preparado e responsabilizado para a tomada de decisão na empresa. Algo que tive o prazer de ouvir do próprio fundador Mário Kaphan em um almoço no Superlógica Xperience ,no qual ele palestrou.
Netflix - a poderosa cultura de Liberdade com Responsabilidade que moldou toda uma geração de startups no  Vale do Silício, nos EUA. As pessoas têm liberdade em tomar decisões que beneficiem os negócio, movam os ponteiros e são responsabilizados pelos resultados.
AirBnb - o primeiro grande caso bem sucedido de experiência do colaborador(EX), no qual a empresa colocou como primordial aos negócios o bem-estar de todos. Eles criaram um ambiente pensado para o bem-estar, engajamento e felicidade dos colaboradores com planejamento em todos os elementos, relacionados ao trabalho, como, por exemplo: questões físicas, emocionais, intelectuais e aspiracionais.

O que todas essas empresas têm em comum?



Cultura coerentes como alicerce, tomadas de decisões boas, contextualizadas e principalmente colaboradores verdadeiramente empoderados.

Como consequência disso eles colhem:

Crescimento acelerado, contínuo, com finanças e rentabilidade sólidas
Sempre referenciadas como um local de desejo para se trabalhar, o que é o real sinônimo de uma marca empregadora forte, o que acaba atraindo os melhores talentos para a empresa.

O que é a forma mais eficaz de atrair, extrair resultado e reter a geração Z, como publicado anteriormente em nosso blog.

Diferencial competitivo com alta barreira de entrada  já que a cultura e as pessoas são impossíveis de copiar porque os ativos intangíveis – como conhecimentos, habilidades, crenças e valores são únicos em cada organização. Por exemplo, diversos streamings foram lançados, imitando o produto da Netflix, os novos concorrentes gastaram centenas de bilhões de dólares, mas mesmo depois disso tudo, ela continua líder, lucrativa, ditando as grandes tendências do mercado e gastando muito menos que os concorrentes que em sua maioria ficaram mais lentos, nichados ou até mesmo foram reduzidos pela pressão financeira.

Isso corrobora a frase do Simon Sinek "Se você não entende de pessoas, você não entende de negócios."

Se você entendeu a importância estratégica disso, o próximo passo é: como começar as mudanças necessárias para construir um diferencial estratégico intangível?

Primeiro passo: Tenha um patrocinador, alguém da alta direção com poder real de promover e financiar as mudanças. Sem isso vai gastar energia sem conseguir bons resultados!

Segundo passo: Entender a diferença e correlação entre Employer Branding(EB), Employee Value Proposition(EVP) e Employee Xperience(EX) que significam respectivamente Marca Empregadora, Proposta de Valor do Colaborador e Experiência do Colaborador.

Eu referencio, de forma empírica, o Employer Branding pela equação EB = EVP + EX²,que significa que quanto mais invisto na experiência do colaborador(EX), mais ganho tração e reputação para a marca empregadora.

Employer Branding
Trata-se da reputação e da imagem que a empresa projeta para o mercado de trabalho — como ela é percebida como um lugar para se trabalhar.

Foco: Atração de talentos e fortalecimento da percepção externa da organização como um excelente empregador.

Exemplo: Uma empresa que compartilha depoimentos de funcionários nas redes sociais, promove sua cultura em eventos e aparece em rankings de "Melhores Empresas para Trabalhar" está investindo em employer branding.

Employee Value Proposition (EVP)
A proposta de valor ao colaborador. É o conjunto único de benefícios e experiências que uma empresa oferece em troca das habilidades, capacidades e experiências que um colaborador traz para a organização.

Foco: Definir o que torna a empresa um lugar atrativo para trabalhar — indo além de salário, incluindo cultura organizacional, propósito, desenvolvimento profissional, equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, etc.

Exemplo: Uma empresa que destaca sua flexibilidade de horários, programas de bem-estar, plano de carreira estruturado e compromisso com diversidade está construindo seu EVP.

Employee Experience (EX)

A Experiência do Colaborador é a percepção que ele tem em cada interação ao longo de sua jornada dentro da empresa — desde o recrutamento, onboarding, crescimento, até o offboarding.
Cada etapa precisa ter processos, dinâmicas, métricas e precisam ser frequentemente revisitadas.
Ao analisar a jornada do colaborador você deve sempre observar quatro escopos:

Escopo Cultural - é como as pessoas se sentem quando vivenciam interações com pessoas na organização. No caso de um novo colaborador, ele não pode mudar a cultura da organização facilmente,por isso é importante mapear quais são os marcos, comportamentos, símbolos, a transparência e os limites da cultura.

Escopo Tecnológico - consiste nas interações com as tarefas, plataformas e ferramentas em sua organização. É uma bela oportunidade de ganhos com automação, por mapear tarefas repetitivas que são chatas e não motivadoras, por isso elas devem ser automatizadas. Um motivo ainda mais importante é que tarefas automatizadas são mais confiáveis do que quando os membros da equipe têm que fazê-las.

Escopo Físico - consiste nas interações com os arredores tangíveis como espaço físico, ergonomia, conforto, alimentação.

Escopo Mental - como os processos, pessoas e ambiente se interagem para a segurança psicológica do colaborador.

Foco: Criar um ambiente e processos que proporcionem experiências positivas, aumentando o engajamento, a produtividade, a integração cultural e a retenção.

Exemplo: Oferecer uma integração acolhedora, feedbacks contínuos, espaços de trabalho confortáveis, ferramentas modernas e canais de comunicação abertos.

Um caso real para apresentar o poder do EX:

Em 2019 eu ainda trabalhava na Superlógica Tecnologias e mesmo com a jornada mapeada, baixa rotatividade(turnover) na empresa, eu decidi mudar o nosso onboarding porque o antigo era lento em aculturar os novos integrantes,  e haviam conceitos exclusivos similares ao BrainTrust da Pixar, no qual as pessoas eram estimuladas a avaliar e questionar qualquer ideia de forma aberta na empresa, o que era estranho para os novos contratados e dessa forma o pessoal demorava em apresentar o resultado com nosso contexto cultural na época.

Era importante que os resultados viessem com esse contexto cultural, não de qualquer forma, porque ele significava menos erro ao cliente final, ao mercado e menos rotatividade.

Com isso eu tinha um dilema importante:

Por que o colaborador entregava resultados, mas quando terminava o período de experiência, haviam dúvidas quanto a absorção cultural, e eram frequentes avaliações onde não tínhamos segurança em efetivá-lo? Sem isso ele não duraria, já que suas ideias seriam questionadas sempre nesse ambiente.

Como acelerar o ROI(Retorno sobre o investimento) dos novos contratados e aumentar as chances de sucesso da adaptação deles?

Daí veio uma "sacada"!

Ao avaliar a jornada para entender onde potencializar o aprendizado, eu percebi que os padrinhos e líderes no dia a dia tinham limitações para mergulhar no aculturamento, já que a empresa estava crescendo 300% ao ano e contratando muita gente.

Mesmo com nosso onboarding bem estruturado, numa plataforma de aprendizado, com todo conteúdo teórico explicito, vídeos sobre o tema, livros de referência e feedback, o processo era lento e limitado porque faltava vivência.
Como encurtar esse aprendizado?

A inspiração veio com cursinhos pré-vestibulares, no qual eles preparam para o ingresso nas grandes faculdades, revisando e ensinando 12 anos em um ano.

Rascunhei a ideia, apresentei ao CEO, que aprovou e autorizou,assim montei uma equipe para encabeçar isso juntamente com a Cris Carmo , Katia Ribeiro , Ana Carolina Sanguinetti Leitão Carlevaro Camila Alves Guilarducci e Marcella Hori.

Os novatos a partir de então aprendiam o teórico em nossa plataforma online e depois entravam num "intensivão", com simulados, de 2 a 3 dias inteiros onde eles aprendiam como desenvolver e criticar ideias, executar projetos, priorizar demandas, lidar com a hierarquia, cenários complexos e caóticos, desenvolver a segurança psicológica para isso e tudo mais que destravasse a performance deles.

A mudança foi um sucesso e o melhor feedback foi receber dos líderes que os novatos estavam chegando verdadeiramente prontos e com gana para o trabalho.

Nesse caso foi gerado o impacto analisando a experiência do colaborador para detectar pontos onde pudesse melhorar a absorção cultural e a mudança na etapa do onboarding gerou o resultado desejado.

Quando eu falo das etapas a serem analisadas em EX, eu recomendo uso do modelo abaixo:
EMPLOYER-BRANDING
🌟 Resumindo:

EVP é o que a empresa promete aos colaboradores.

EX é como essa promessa é vivenciada no dia a dia.

Employer Branding é como essa promessa e experiência são comunicadas ao mundo externo.

Terceiro passo - perenizar esse entendimento, envolver as pessoas necessárias de forma organizada para a construção do planejamento.

Quarto passo - fazer o planejamento estratégico, tático e operacional do processo com métricas, times e orçamentos claros para a execução. Comece pelo EVP (mais rápido e fácil) para depois mergulhar no EX.

Quinto passo - usar uma metodologia de resultados e acompanhar o andamento continuamente e em pequenos ciclos(semanais ou quinzenais).

Sexto passo - Converta os ganhos reais em ganhos de imagem para a empresa internamente e externamente, aproveite e reforce sua Marca Empregadora

O que não fazer?

Começar pela Marca Empregadora sem o resto.

Não se trata de um aspecto de marketing para atrair novos talentos porque sem o ciclo todo não haverá retenção e nem ganho de reputação real, lembre-se que hoje em dia para a geração Z, há plataformas que permitem o candidato analisar a empresa em múltiplos aspectos antes de se interessar por ela, como a GlassDoor, o Reclame Aqui e o JusBrasil.

Saiba mais:
O que é holocracia?
Os desafios da liderança com a Gen Z
O que é o BrainTrust?
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Evento: DiverTips - Liderando com a Gen Z

No dia 18/03, presencial, em Campinas, às 19:00, a Diverti Tecnologia juntamente com seus parceiros Levva e Era realizarão um evento para discussão da liderança com a Gen Z.


Emerson Silva

CEO

Empreende, palestra, investe e atua com tecnologia a mais de 30 anos.u003cbru003eEspecialista em performance, equipes, diversidade e impacto. u003cbru003eFundador, CEO da Diverti Tecnologia e autor desse post.