Contudo, muitas grandes empresas ao redor do mundo têm encerrado tais programas, e, com o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, espera-se uma aceleração desse movimento já que muitas delas tem o governo como um dos principais clientes.
Assim, surge a questão: qual será o futuro dos programas de DEI?
Reflexões sobre o futuro do DEIApesar das dificuldades atuais, é importante lembrar que a consciência sobre essas questões sociais não é recente. Grupos historicamente marginalizados possuem um legado de luta e resiliência que antecede o "hype" em torno do tema.
Mesmo sem o apoio de grandes capitais, esses movimentos sempre encontraram formas de resistir e avançar.
Além disso, vários fatores foram subestimados nesse abandono corporativo do DEI:
-
A chegada das gerações Z e Alpha ao mercado de trabalho e ao consumoEssas gerações possuem valores mais alinhados à inclusão e diversidade, influenciando a forma como as empresas atuam. A
compra por identidade e causa pesam na decisão dessa geração assim como movimentam fortemente às redes sociais.
- O aumento continuo dos usuários de redes sociaisAs redes sociais tem movimentado bilhões de seguidores em suas plataformas
e elas possuem forte apelo identitário aos seus usuários propagando e moldando novos comportamentos e tecnologias.
-
A Ásia como novo centro econômico, industrial e o nascimento de novos blocos econômicos
Trará novas dinâmicas às relações de trabalho, consumo e concorrência.
- A g
lobalização da cultura negraIsso cria maior visibilidade, cria novos itens para exportação e gera valorização das culturas historicamente marginalizadas que ganham o potencial com a venda identitária.
- Mudanças demográficasO impacto do envelhecimento populacional e a crescente diversidade étnica influenciarão as políticas corporativas no longo prazo.
- As mudanças climáticasPressionarão ainda mais os movimentos migratórios que afetarão ainda mais as demografias das regiões receptoras desse fluxo.
No meio corporativo, haverá busca da racionalidade e vislumbro quatro cenários principais para os programas de DEI:
1.
Programas anêmicos (Diversity Washing)Empresas com programas imaturos ou superficiais possivelmente deixarão de priorizar o tema ou até eliminarão completamente essas iniciativas.
2. Programas robustosEmpresas que investiram em programas sérios colherão frutos de sua diversidade cognitiva, fortalecendo a inovação, a tomada de decisão e os objetivos de ESG (Environmental, Social, and Governance).
Exemplos incluem Apple, Natura, Spotify e Rede Globo, entre outras. Essas empresas continuarão usando o DEI como diferencial competitivo sendo inclusive referência para a concorrência.
3. Iniciativas mais efetivasEmpresas que estão no início da jornada buscarão soluções mais racionais e orientadas por dados, reduzindo as emoções nas tomadas de decisões para adotar medidas que realmente movam o ponteiro corporativo.
4.
Empresas fundadas por grupos minoritáriosA expansão de negócios liderados por mulheres, negros, latinos e LGBTQIA+ está redesenhando o mercado.
Nos EUA, por exemplo,
metade das novas empresas são fundadas por latinos e seus descendentes. No Brasil, mulheres e negros têm se organizado em redes como o Grupo Mulheres do Brasil e o Movimento Black Money.
ConclusãoOs programas de DEI seguirão existindo por se tratar de dores reais e pode ser um forte diferencial competitivo, mas será exigido maior maturidade e assertividade nas ações.
Empresas precisarão adotar posturas mais racionais, com foco em dados e resultados mensuráveis.
Além disso, o protagonismo de grupos minoritários e as novas dinâmicas econômicas e sociais continuarão desafiando o status quo, impulsionando uma evolução sustentável do tema no mundo corporativo.
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