Falar sobre feedback é falar sobre cultura, desenvolvimento e segurança psicológica. Mais do que uma simples conversa sobre desempenho, o feedback é a bússola que orienta colaboradores e líderes sobre o caminho, os ajustes e as oportunidades.

Quando não há espaço para conversas claras, objetivas e cuidadosas, o que cresce é o silêncio. E o silêncio tem custos altos:

🚩 Turnover elevado.
🚩 Desengajamento.
🚩 Clima organizacional tóxico.
🚩 Perda de talentos e de produtividade.

Tipos de Feedback: 90º, 180º e 360º

🔹 Feedback 90º: Da liderança para o colaborador. Uma via única, direta, que aponta percepções, alinhamentos e pontos de desenvolvimento.

🔹 Feedback 180º: Feedback de mão dupla. O colaborador também oferece retorno para sua liderança, ampliando a corresponsabilidade no desenvolvimento e nas relações.

🔹 Feedback 360º: Uma visão completa, envolvendo autoavaliação, feedbacks da liderança, dos pares e, às vezes, de clientes internos. Fortalece o autoconhecimento e
promove desenvolvimento mais sistêmico.

Onde o feedback acontece? Na prática dos 1:1

O 1:1 é um encontro estruturado, periódico (semanal, quinzenal ou mensal), entre líder e liderado. Ele não é só um espaço para cobrar entregas, mas um ambiente seguro para discutir:

* Desafios do dia a dia.
* Alinhamento de expectativas.
* Desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais.
* Feedbacks constantes - tanto de reforço quanto de ajuste.

Empresas que implementam rituais de 1:1 de forma consistente aumentam em até 20% o engajamento e reduzem significativamente problemas de clima e turnover (Fonte: Harvard Business Review).

Dados que reforçam o impacto

✔ Empresas com cultura de feedback têm 14,9% menos turnover (Gallup).

✔ 65% dos colaboradores querem mais feedback do que recebem hoje (OfficeVibe).

✔ Times que praticam feedbacks regulares relatam aumento de até 12% na produtividade, além de melhor clima e mais segurança psicológica (Harvard Business Review).
Ambientes com feedback claro e consistente são mais produtivos, seguros e saudáveis.

Radical Candor: sinceridade com empatia

O conceito de Radical Candor (Franqueza Radical), criado por Kim Scott, traz uma fórmula poderosa:

"Desafiar diretamente, enquanto se importa pessoalmente."

É o equilíbrio entre ser claro, direto, mas sem perder o cuidado e a empatia. Não é sobre ser rude, nem sobre suavizar tanto a ponto de ser ineficaz. É sobre falar o que precisa ser dito, de um jeito que a pessoa se sinta cuidada e não atacada.

Comunicação Não Violenta (CNV): a ponte da conexão

A CNV (Comunicação Não Violenta) é uma metodologia que transforma conversas difíceis em diálogos produtivos e empáticos. Ela se baseia em quatro passos:

1. Observação: Falar sobre fatos, sem julgamentos.
2.Sentimentos: Expressar como você se sente sobre o que observa.
3.Necessidades: Nomear as necessidades que estão (ou não) sendo atendidas.
4. Pedidos: Fazer pedidos claros, possíveis e objetivos.

Para quem lidera: feedback não é improviso, é processo

Dar feedback, especialmente em 1:1, exige preparo. Líderes precisam:

📊 Chegar com dados e fatos. Feedback não é opinião solta.
🧠 Estar emocionalmente equilibrados, conscientes de seus próprios gatilhos.
🎯 Separar comportamento de pessoa e não personalizar.
🛠 Praticar escuta ativa, CNV e Radical Candor.
🔄 Entender que feedback não é evento, é processo que parte da rotina de desenvolvimento.

Quando isso acontece, o feedback deixa de ser um momento de tensão e se torna um instrumento contínuo de desenvolvimento, alinhamento e fortalecimento de relações.

🎯 Exemplo prático de feedback usando CNV + Radical Candor no 1:1

Cenário: Quem ira receber é o Felipe, a função dele é desenvolvedor frontend com dominio em javascript, trabalhando de forma remota.

O problema: as entregas dele estão dentro do esperado em termo de qualidade, mas ele falha em comunicar e alinhar com o time a resolução de suas entregas, o que gera
atrasos nos outros processos seguintes como QA e Deploy da solução, o que atrasa a entrega ao cliente.

Ele precisa organizar melhor a comunicação de suas entregas ao restante do time e não se isolar quando houver problemas.

Líder:

"Felipe, queria abrir esse nosso 1:1 trazendo um ponto importante que observei nas últimas semanas (Observação).
Notei que, embora suas entregas estejam sempre com ótima qualidade técnica, o que é algo que reconheço e valorizo muito, temos enfrentado alguns desafios na comunicação sobre o andamento das tarefas (Fato).

Por exemplo, em alguns casos recentes, como no desenvolvimento do módulo de autenticação e na tela de dashboard, não houve um alinhamento claro de quando você concluiu suas tarefas. Isso acabou gerando atrasos no trabalho do time de QA e também no deploy, porque eles só ficaram sabendo que as demandas estavam prontas quando já estavam em cima do prazo (Fato).

Quando isso acontece, fico preocupado (Sentimento), porque isso impacta diretamente a fluidez do nosso processo como um todo. Uma parte fundamental do desenvolvimento, além de escrever um código de qualidade, é garantir que todo o fluxo desde desenvolvimento até QA e deploy aconteça de forma coordenada (Necessidade).

Quero entender se você percebe essas situações da mesma forma e se tem sentido alguma dificuldade específica nesse ponto. Minha sugestão é que possamos combinar algumas ações simples, como:

* Sempre sinalizar no Diverti quando uma tarefa for movida para 'Pronto para QA'.
* E, se você encontrar algum bloqueio durante a execução, trazer isso
rapidamente pro time nas nossas dailies ou direto no Slack, para não carregar o problema sozinho.

Quero reforçar que seu domínio técnico e sua capacidade de entregar soluções de alta qualidade são extremamente valorizados aqui.
E, com um pouco mais de organização na comunicação, tenho certeza que isso vai destravar ainda mais a eficiência do time e sua própria performance (Pedido).

Como você se sente sobre isso? Tem algo que possamos ajustar ou apoiar você nesse caminho?"

Veja como essa abordagem é:

✔ Baseada em fatos.
✔ Cuidadosa, sem ser evasiva.
✔ Direta, mas não agressiva.
✔ Constrói caminho, não fecha portas.

Feedback é a bússola do desenvolvimento

Empresas que colocam o feedback no centro, especialmente dentro de rituais de 1:1 bem estruturados, constroem culturas mais fortes, times mais engajados e ambientes onde segurança, produtividade e crescimento caminham juntos.

Feedback não é sobre o que está errado. É sobre tudo que pode dar certo.

E você? Como tem praticado feedback na sua organização?

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